Menos 612 - 14/08/2014 - Guilherme Boulos - Colunistas. "Menos dois", foi este o comentário de um policial militar do Rio de Janeiro ao seu colega após terem executado dois garotos, M. de 15 anos e Matheus Alves dos Santos, de 14, no dia 11 de junho deste ano.
Na verdade, M. sobreviveu mesmo com um tiro de fuzil e por isso a história chegou ao conhecimento público. Os garotos, negros e moradores da favela da Maré, caminhavam pelo centro do Rio quando foram abordados e levados pelos PMs ao morro do Sumaré, local da execução. Menos dois que nada! Menos 612, só no primeiro semestre deste ano. Esse é o número de pessoas assassinadas por policiais militares em serviço no Rio de Janeiro e São Paulo, de janeiro a junho de 2014. No Rio de Janeiro, que tem a polícia mais letal do país, foram 10.700 assassinatos praticados por policiais em uma década, de 2001 a 2011. Mas o número real tende a ser bem maior. Em São Paulo a realidade não é tão diferente. Só no último mês foram dois casos que ganharam uma maior repercussão. Procurador pede prisão de Geraldo Alckmin e Naji Nahas por crimes no Pinheirinho. Durante quinze dias, o jurista Márcio Sotero se debruçou na documentação da área do Pinheirinho, onde foram expulsas pela tropa de choque da Polícia Militar, no dia 22 de janeiro, milhares de pessoas pobres.
A reintegração de posse foi requerida pela massa falida da Selecta, empresa do especulador Naji Nahas. Ao pesquisar toda a papelada do processo de falência o procurado do Estado fez algumas descobertas até agora não divulgadas por autoridades que tinham este conhecimento. Márcio Sotero Felipe também é professor de Filosofia do Direito da Escola Superior da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo e exerceu o cargo de Procurador Geral do Estado na gestão Mário Covas. Leia mais Abaixo, a íntegra da entrevista de Márcio Sotero Felipe à repórter Marilu Cabañas.
Dr. M.S.F.: Constatei algumas ações que a sociedade deve saber, que as pessoas devem entender. Gostaria que o senhor explicasse qual que é também a participação do síndico da massa falida? M.S.F.: Olha, isto tudo foge da rotina. Procurador pede prisão de Geraldo Alckmin e Naji Nahas por crimes no Pinheirinho. Procurador pede prisão de Geraldo Alckmin e Naji Nahas por crimes no Pinheirinho.
Blog das Cidades – por Adriana Delorenzo. Pinheirinho: terreno pode não ter sido dos alemães; e Selecta não pagava IPTU desde 1982. Na semana passada, publiquei uma história sobre uma possível origem do terreno do Pinheirinho, onde moravam as 1,6 mil famílias expulsas pela polícia e pela Guarda Civil de São José dos Campos.
As terras teriam chegado às mãos da Selecta, de Naji Nahas, por caminhos bem tortuosos. A área seria propriedade de quatro irmãos alemães que teriam sido brutalmente assassinados e, sem deixar herdeiros. Por isso a propriedade teria ido parar na mão do Estado. Essa versão circulou pela internet, com alguns historiadores corroborando a origem das terras do Pinheirinho. Na ocasião, a professora de história da Universidade do Vale do Paraíba (Univap) Valéria Zanetti de Almeida disse ter pesquisado e ouvido depoimentos de moradores antigos, que confirmavam a chacina dos irmãos Kubitzky.
Porém, após a divulgação desse fato, alguns historiadores começaram a levantar outras hipóteses da origem das terras. Os alemães Kubitzky assassinados em 1969, não aparecem na origem do Pinheirinho. Onde “triunfaram” a PM, a Justiça e o PSDB. Cineasta desmascara Geraldo Alckmin em evento tucano. Ermínia Maricato: Os motivos para o “terror imobiliário” Colunistas| 26/01/2012 | Copyleft Terror imobiliário ou a expulsão dos pobres do centro de São Paulo O modelo é contra os pobres que estão longe de constituírem minoria em nossa sociedade.
O modelo quer os pobres fora do centro de São Paulo. Isso é óbvio. O que não parece ser óbvio é que, em última instância, a determinação disso tudo é econômica. Ermínia Maricato, na Carta Maior Dificilmente, durante nossa curta existência, assistiremos disputa mais explícita que esta, que opõe prefeitura e Câmara Municipal de São Paulo (além do governo estadual), que representam os interesses do mercado imobiliário, contra os moradores e usuários pobres, pelo acesso ao centro antigo de São Paulo.
Ao contrário do silêncio (ou protestos pontuais) que acompanha essa escandalosa especulação que, a partir de 2010, levou à multiplicação dos preços dos imóveis, em todo o país, no centro de São Paulo, foi deflagrada uma guerra de classes.